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2014/11/09

À Beira Mar

À Beira Mar

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Na observação superficial da floresta de palavras dum matutino, deparo com um inquérito realizado a figuras do jet set lusitano no decurso do Verão. No quesito “O que nunca pode faltar na sua mala?”, a resposta alusiva ao telemóvel é trivial e preponderante aos inquiridos. Felizmente, não sou discípulo desse exemplo, recordando os anos em que a nova tecnologia fazia parte do imaginário da interpenetração das culturas evidenciadas nas séries de ficção científica… Nesse tempo, apenas com o aparelho fornecido pela companhia dos Telefones de Lisboa e Porto (T.L.P.), as pessoas estavam comunicáveis. Actualmente, a dependência da nova sociedade dos portáteis meios de comunicação, na sua falta, parece que perde as funções cognitivas que lhe permitia comunicar. Em antítese aos tempos modernos, dispenso o telemóvel quando vou à praia, repetindo o episódio ao deslocar-me com a família para convivência de amigos, evento religioso ou cultural e no fim-de-semana até ao final da tarde.

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Numa ida à estância balnear de Água de Madeiros – praia seguinte à Praia da Pedra do Ouro, localizada na Costa de Prata, região de Leiria -, após o regresso da caminhada pelo areal atá à Paria de São Pedro de Moel, sentado, apreciando a beleza da personalidade do mar revolto, completamente distinto do mar no Algarve, costurando ondas audíveis no início da vila, acabo por desejar ouvir um disco de Skip James. Perguntará o leitor: “O que tem o disco de especial?” Nada! É apenas um álbum de blues de James, a sós com a sua guitarra afinada em Ré Menor (para garantir sentidas linhas de baixo na sua apurada técnica de dedilhar) ou com o piano em dois temas («All night long» e «How long», acompanhada no baixo por Russ Savakus), aquiesci.

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Etiqueta: Vanguard Records
Referência: VSD-79219
Duração: 48:23  
Nehemiah Curtis James, é filho de um ex-contrabandista de álcool, convertido ao cristianismo. Nasce em Bentona, no estado do Mississippi a 9 de Junho de 1902. No seio escolar adquiriu o cognome “Skip”. Aos 8 anos de idade, depois de ouvir Henry Stuckey e Rich Griffith, dois guitarristas locais, convenceu a sua progenitora a comprar-lhe uma guitarra por $2,50. Na cidade de Yazoo, aos 12 anos, interessou-se pela formação musical, iniciando a aprendizagem de piano; porém, abandonaria ao fim de duas aulas por vicissitudes económicas, compreendendo que o valor cobrado por aula - $1,50 – era demasiado para o orçamento familiar. Mais tarde, conheceu o pianista Will Crabtree, que começou a ser encarado como um talismã, pois o interesse do adolescente, foi determinante para a orientação concedida no ensino do piano ao longo de dois anos e meio.

No início do ano 1931, o jovem James participou numa audição para o empresário H. C. Speir, que lhe garante um contrato de dois anos para a Paramount Records. A 6 de Fevereiro, antes de mais uma sessão de gravações, topando numa esbelta mulher servindo almoços e transportando aos ombros duas enormes tigelas repletas de cerejas, escreveu «Cherry ball», tema incluso no álbum «Today!», editado três anos antes da sua morte (1969). Nos anos seguintes, a atmosfera tumultuada e a falta de confiança na economia – consequência da queda em flecha das cotações da Bolsa de Nova Iorque, em Outubro de 1929 -, devido aos laços financeiros entre os Estados Unidos e outros países, a crise económica, conhecida por Grande Depressão, passam ao plano mundial, alastrando-se rapidamente a outros pontos do globo, inclusivamente ao Velho Continente, onde o retomar da actividade é débil, particularmente na Alemanha. Confrontado com este cenário, interrompe a carreira, tornando-se director de coral na igreja frequentada pela família. Aí, descobre o dom de pastorear uma congregação Metodista e outra Baptista.

Para Skip, o ano charneira do seu percurso artístico é 1964, quando é reconhecido num hospital pelos jovens guitarristas Henry Vestine e Bill Barth. Entusiasmados, incentivam o guitarrista sénior de 62 anos a regressar ao activo. Sem suporem, a verdade é que o músico regressa, actuando em Julho, no Festival Newport. Assim, no ano 1966 é editado o LP «Today!». Com uma dúzia de canções em que nenhuma é parecida, imersas na intimidade e despidas de adornos instrumentais, o bluesman faz uso da palavra para reflexões profundas, traçando retratos de experiências laborais («Cypress Groove» baseia-se nas sensações sentidas no lugar onde costumava cortar madeira) e emoções por vezes alegres («I´m so glad», tema que os Cream imprimiram nova roupagem para fazer parte do primeiro álbum, «Fresh cream») e outras vezes tristes face às viagens pelo álcool («Drunken spree») ou aos dramas sentidos na Depressão, expondo a situação dos mais pobres em Dallas, que somente alimentavam-se de sopa («Hard time killing foor blues»).

Mas, porque raio desejo ouvir este disco na praia? Parvalhão! Tal como o telemóvel não me acompanha à beira-mar, o mesmo se passa com o gira-discos. Aqui, contento-me com a música armazenada num MPtretas (vulgo MP3)…


Blá-blá-blá com a antiga grafia: Ghost4u

2014/07/27

Carta Aberta


Carta aberta ao Presidente da República Portuguesa,

Professor Aníbal Cavaco Silva



Excelentíssimo Senhor Presidente da República


Na segunda metade da década de 80 e nos primeiros cinco anos da última década do século XX, assistimos à regência de Vossa Excelência no Governo de Portugal. O relato de um tempo de mudança e de feitos motivados por visões de um especialista em economia, enredadas por teias de interesses, sem se perceber o nível de implicações que teria na economia real, conduziram, decisivamente, ao destino imponderável do actual estado débil de Portugal. Assim, poderia esboçar uma análise aos milhões de euros aplicados diariamente no nosso país, como fundos estruturais da Comunidade Económica Europeia (CEE), que ao invés de fomentar o investimento na saúde, na educação e no desenvolvimento industrial, foram, quais bem-aventuranças, facultados sem regulação, rigor, nem fiscalização, a cidadãos empresários que, esfregando as mãos, adquiriram automóveis com motorização de elevada potência, veículos todo-o-terreno e residências de férias (para eles próprios e não para usufruto dos colaboradores). Nesse tempo de “vacas gordas”, o nome de Vossa Excelência ficou indissociavelmente conectado à plantação de milhares de eucaliptos que seca a terra da nossa floresta e aos subsídios concedidos para a aniquilação dos nossos recursos – agricultura, frota pesqueira e alguns sectores da indústria – os quais, quiçá por proferir a frase “nunca tenho dúvidas e raramente engano-me”, nos seus recentes pensamentos em voz audível, apela para que viremo-nos para a agricultura e para o mar… Poderia elaborar uma reflexão em torno de rodovias construídas, particularmente auto-estradas, que causaram consideráveis derrapagens orçamentais (será que a composição do asfalto utilizado era de dúbia qualidade?)… Poderia dissecar sobre Vossa Excelência ser considerado o primeiro nutricionista que engordou o aparelho do Estado com a criação de “jobs for the boys” do partido que liderou… Poderia enumerar as medidas relacionadas com a privatização da banca, promovendo a cultura consumista mediante a facilidade de obtenção de dinheiro por empréstimo, dando a sensação de um país e um povo “aparentemente” mais rico que, posteriormente, grande parte das famílias e empresas vê-se endividada até à medula… Posso relembrar que a promiscuidade entre o poder político e o poder económico, permitindo que os bancos sejam os efectivos dominadores da economia portuguesa, também se sentiu na governação de Vossa Excelência… Posso ainda citar que o elevado aumento aplicado no valor a pagar de portagem na travessia da Ponte 25 de Abril, levou ao espontâneo movimento de cidadãos (imagine como seria se, no passado, existissem as redes sociais electrónicas), que por realizar um buzinão de bloqueio e de contestação social, sofreu uma despropositada carga policial, vitimando um jovem que ficou tetraplégico devido a um tiro… Posso referir que em 1989, após o Conselho Consultivo da Procuradoria-Geral da República ter aprovado por unanimidade o parecer de conceder ao Capitão de Abril, Salgueiro Maia, uma pensão por “serviços excepcionais e relevantes prestados ao país”, surpreendentemente, recusou essa concessão. No entanto, numa inexplicável dualidade de critério, em 1992, concedeu a mesma pensão a dois inspectores da polícia repressiva do antigo regime – PIDE/DGS. A propósito de reformas, na qualidade de Chefe de Estado, deixou perplexos os cidadãos com pensões baixíssimas ao afirmar, a 20 de Janeiro de 2012, que “os €13 000,00 de pensões que aufere, quase de certeza que não dariam para pagar as suas despesas”.

É verdade que hoje em dia, as pessoas exigem demasiado da vida… Por pensarem que todos os momentos têm de ser felizes, reivindicam perfeição. Ora, isso só acontece na televisão e nos filmes. Essa não é a realidade humana. Mas cometer o mesmo erro duas vezes?! Recordo que nas suas funções de Primeiro-Ministro, pela voz do Sub-secretário de Estado da Cultura, Sousa Lara, desvalorizou e vetou a candidatura de José Saramago ao Prémio Literário Europeu pela publicação de «O Evangelho Segundo Jesus Cristo». A sua atitude, promoveu o auto-exílio do escritor na ilha de Lanzarote, nas Caraíbas. Depois, em Junho de 2010, no cargo actualmente exercido, estando de férias algures no Arquipélago (português) dos Açores, Vossa Excelência abdicou de deslocar-se a Lisboa para assistir às cerimónias fúnebres do escritor.

Recentemente, no primeiro de Julho, por ocasião do anúncio da atribuição do Lifetime Achievement Grammy a Carlos do Carmo – primeiro artista lusitano a recebê-lo pela carreira de referência no panorama internacional, não só do imaculado dom de cantador e do seu magnificente repertório, mas também do muito que tem feito para a reformulação, renovação e implantação nacional do Fado com a criação do respectivo Museu e com o reconhecimento universal do Fado, classificado pela UNESCO como Património Imaterial da Humanidade – os portugueses não registaram o reconhecimento ou a congratulação institucional do supremo representante da nação. Por muito que Carlos do Carmo seja uma das vozes dissonantes da governação de Vossa Excelência e do seu modus faciendi como Chefe de Estado, a verdade é que foi reeleito em 2011 como Presidente de todos os seus concidadãos. Como tal, permita recordar-lhe que antigamente, o compromisso era algo positivo. Uma pessoa que assumia um compromisso, merecia a admiração do seu semelhante pela lealdade e sobriedade. Agora, verifico que a falta de firmeza e cultura de compromisso levam a evitar o comprometimento, como se a palavra “compromisso” tivesse perdido significado, pois não pretendemos comprometer-nos genuinamente.

Volvidos 22 anos, o episódio repetiu-se. A cultura, elo de expressão e de equilíbrio num povo, certamente não está agradecida por ter tido um Chefe de Governo e um Presidente, que não é capaz de agraciar individualidades galardoadas a nível planetário, apenas, por negarem escusar-se a exposição metódica em contraponto sobre determinado assunto relacionado com os seus mandatos. No entanto, segundo a locução popular “mais vale tarde do que nunca”, como a cerimónia da entrega do Grammy está agendada para 19 de Novembro, em Las Vegas, Vossa Excelência ainda pode felicitar o fadista que tem dignificado o nosso país ao longo de 50 anos de carreira.

Na eventualidade de não conhecer a obra de Carlos do Carmo, recomendo os álbuns «Fado em duas gerações» (1969, Decca), «Um homem na cidade» (1977, Trova), «À noite» (2007, Universal Music) e «Carlos do Carmo & Bernardo Sassetti» (2010, Universal Music), os quais, o seu genro, proprietário da Rádio Amália, certamente terá o prazer de facultar a Vossa Excelência.


  Respeitosamente,

  Ghost4u (utiliza a grafia antiga)

2014/07/12

Quatro Histórias

Quatro histórias: 
Doce Impakto, Rui Tovar, Raízes e Terra a Terra 
 Nesta crónica, o leitor encontra-se perante quatro temáticas à primeira vista bastante diferentes, que em comum, estavam perdidas no sótão da Caixa Idiota Instruída (vulgo cérebro).



Naquele início da quarta tarde de Julho, ultimando a narrativa ao sabor da infusão preparada com semente de cafezeiro, servida em chávena de vidro e sem adição de açúcar, no Doce Impakto – café/pastelaria sem vista para o mar, situado na Rua das Quintas, no concelho de Almada, onde a mistura simples da arquitectura decorativa com a ambiência pacata e a simpatia, convidam a colocar a leitura em dia, trazendo à memória um café similar que frequentava na vila algarvia de Porches, durante o período de férias que, ano após ano, reservava em Outubro –, ao olhar desinteressadamente para o televisor, emocionalmente fui assaltado com a notícia do falecimento do jornalista Rui Tovar, aos 66 anos, vítima de paragem cardíaca. A meu ver, o jornalismo em Portugal não ficou pobre, ficou muito empobrecido, pois julgar que a sua reputação de excelência profissional se deve, apenas, à mestria competente que proporcionou o apogeu do melhor da informação desportiva, narrando explicitamente as transmissões televisivas das empolgantes finais da Taça de Inglaterra (outrora transmitidas no primeiro canal da RTP, nos anos 80), é fazer uma avaliação incompleta e superficial, pois o que mais valorizo são as qualidades de conduta como pessoa. Neste capítulo, o seu modo respeitoso de estar na vida, tratando com dedicação quem se cruzava com ele, leva-me a defini-lo como alguém cuja prosa de vivência era enaltecida por manter o mesmo tom de voz sereno quer em situações de concordância quer discordantes, destacando a reacção elegante – “era um grande escritor” – referência a José Saramago, Nobel de Literatura em 1998, que no decorrer do ano 1975, rudemente correu com o jornalista do Diário de Notícias. Aqui chegados a este reconhecimento, olhemos para o que se passa de terça a Sábado, à hora da Cinderela, na Antena 2.


 O substantivo feminino raiz tem as seguintes acepções: órgão das plantas vasculares de fixação e absorção, normalmente subterrâneo; número que, elevado a uma certa potência, produz a quantidade a que esse número se refere; origem; a parte oculta de qualquer coisa; a palavra de que outras se formam; a parte da palavra primitiva em que reside o significado da ideia original. No plural, faz alusão ao programa de rádio que talvez não seja conhecido por muitos amantes de conteúdos radiofónicos. Raízes responde à curiosidade e ao anelo descobridor de dialectos variantes da designada Música do Mundo (World Music), sendo uma agradável rajada de vento sentida no éter da radiodifusão, orientada por Inês Almeida.

 Numa das emissões dedicada ao folclore dos antigos territórios do império Austro-Húngaro, resgatei do subconsciente os tempos de infância em que no lar, a música sempre esteve presente, pois o meu pai, não se limitava a ouvir rádio, adquirindo discos. Um dia, surgiu com um registo de músicas regionais portuguesas… Assim, volvidos 31 anos, começou uma aventura, pois no rol da amizade dos Marretas (descritos na crónica DOL(ly)), falando do tal disco, um dos Marretas ofertou-mo, dando por mim a ouvir algo que jamais pensei fazê-lo!



 Etiqueta: Rádio Triunfo, Lda.
Referência: RT 10004
Duração: 39:23

 «Pelo Toque da Viola» é o segundo álbum de quatro discos do grupo coral e instrumental Terra a Terra, que funcionam como um arquivo que nos faz viajar pela história da música regional portuguesa. Editado em 1981, o LP é um verdadeiro songbook com um a dúzia de recriações de cantigas populares de diferentes regiões (Minho, Trás-Os-Montes, Alto Douro, Beira Alta, Beira Baixa, Baixo Alentejo e Açores). Ao todo são 17 os homens e as mulheres que fizeram parte do grupo na gravação ocorrida entre 25 a 30 de Maio.

 Para os seguidores do Culto do Vinil, “escrever sobre uma obra folclórica é algo de doidos, pois as crónicas neste espaço são maioritariamente de rock, seguidas em segundo plano de rock, na terceira posição igualmente o rock e na quarta e seguintes, novamente rock”… Mas evoco este disco por se tratar de um trabalho qualificativo, com maravilhosos arranjos corais e instrumentais assinados por Mário Piçarra (filho do cantor Luís Piçarra), Jaime Ferreira e Ana Faria (mãe de Nélson e Sérgio Rosado, elementos da banda Anjos).

Além do rol interpretativo, deparei-me com algo impensável em registos de folclore… «Pelo Toque da Viola», demonstra o talento de José Fortes, engenheiro de som, que esculpio um disco muito bem gravado, com corpo harmónico e ambiência, focando o espaço de cada instrumento sem entrar na área do outro, assumindo o compromisso de disponibilizar audições sem fadiga e sem véu ocultante da sonoridade de cada um dos instrumentos. Assim, a faixa «Chula Rabela» é um verdadeiro exemplo dessa característica: os instrumentos de cordas (violas, violão, viola braguesa, bandolim e violino) são reproduzidos com limpidez notável, sentindo-se a extensão do instrumento de sopro (pifarinho) e o perfeito brilho do recorte dos ferrinhos deambulando de canal em canal. Na «Gallandum» (cantada em dialecto mirandês) e «Peras e Pão» (cantado por 8 vozes femininas), destaco a textura do bombo e sua consistência harmónica no rufar da pele tensa, cuja sonoridade bem grave é única e distinta do som proveniente da caixa e dos adufes. Finalizo, indicando que a voz de Ana Faria, em «O Rapaz do Casaquito», «Olha o Passarinho!» e «Sete Varas Tem», leva-nos numa comparação à “rainha da música folk” – Joan Baez – pelas semelhanças na genialidade angélica e pureza da voz que, por si só, vale o disco, ofuscando vozes de gerações posteriores… 

 Blá-blá-blá com a antiga grafia: Ghost4u

2014/07/05

Clepsydra Reunion Tour

Clepsydra
Reunion Tour 2014
+
Atrium
Banda convidada

Lisboa - Paradise Garage
, dia 26 de Julho de 2014 - 21h.

Clepsydra é uma banda Suíça de rock progressivo, formada em 1990.
Em 1991 editam o 1.º álbum, Hologram. Em 1993 sai o EP Fly Man. Por essa altura Clepsydra assina pela InsideOut que lançou o seu 2.º álbum More Grains of Sand. Este CD incluía o tema Moonshine on Heights, considerado por muitos, um clássico do rock prog.
Clepsydra editam em 1998 o seu 3.ª álbum, Fears, o primeiro trabalho com Marco Cerulli na guitarra. Após o lançamento deste trabalho, a banda fez uma tour pela Europa e Canadá.
Em 2001 a banda edita Alone, que saiu com 3 capas diferentes, The Chicken, The Octopus e The Fish.
Após estes 4 trabalhos, fazem uma pausa. Nesta fase, já tinham adquirido grande popularidade e estatuto entre os fans do rock progressivo e foram muitas vezes comparados, por semelhanças com Jadis, IQ e Fish era-Marillion.

Em 2013 anunciam que se vão reunir de novo, com Andy Thommen de regresso ao baixo e uma tour de reunião marcada para 2014.

Atrium
banda portuguesa, surgem no final de 2003, tendo como base musical, entre outras influências, o rock progressivo / sinfónico, com referências nos Genesis, Yes, Camel, Pink Floyd, Focus, Pendragon, IQ, entre outros. O EP
Places, lançado em Maio de 2012, foi considerado o melhor trabalho nacional de 2012 pela rubrica “The Best Prog Albums of 2012” do programa de rádio “O Sonho do Rock 'n' Roll”.


Actualmente preparam o novo álbum Journeys and Melodies, com data de saida prevista na 1.ª semana de Julho de 2014.

Dol(ly)

 

 Dol(ly)


                Conhece os Marretas? “São uns bonecos que tornaram especiais os momentos passados em frente ao pequeno ecrã pelos actuais velhos como a Sé de Braga ou os velhos do Restelo”, adianta o leitor. Porém, refiro-me a um grupo de quatro individualidades muito especiais, com os pés assentes na amizade. Além dos habituais encontros pautados por salutar ambiência e pelo comum gosto de escutar música em formato vinilo, a par da disponibilidade para investigarem novas linguagens sonoras, frequentam concertos e assistem a transmissões televisivas de sofridas partidas de 22 pares de pernas a perseguirem, em debandada, um esférico outrora denominado Tango, e por ocasião do Campeonato do Mundo de Futebol no Brasil, promovido ao epíteto Brazuca.

 

                Decorrido um encontro algures na Quinta do Conde, onde esteve um aspirante a Marreta e uma individualidade “doutorada” em prensagens vinílicas, aquando a audição de várias edições de «Blue train» - primeiro álbum de John Coltrane -, o “doutor”, debruçando-se em argumentos sobre os exemplares ouvidos, ao mesmo tempo que hidratava a garganta com Hedges & Butler (whisky de 8 anos e 43% de volume de álcool), ao referir que “nenhuma dessas edições é da DOL”, despertou em mim, uma reflexão sobre a lógica, muitas vezes oculta, que preside às frases proferidas.

             Endeusamento do que quer que seja é hoje muito frequente, sendo algo que incomoda-me. Até porque tal colocação nos píncaros ancestrais, retira mérito a boas iniciativas e produtos que, em matéria de edições discográficas são olhadas com desdém nos escaparates, pois carecem do selo de uma editora de renome. Este princípio faz com que muitas vezes, outras boas opções acabem por ser esquecidas. Por outro lado, a memória é curta e, por conseguinte, muitos estão esquecidos que, assim como existem excelentes edições originais em LP, também há medíocres.

               Com franqueza, quando foi dito que “nenhuma dessas edições é da DOL”, fiquei atónito… Lembrei-me das críticas ao primeiro mamífero clonado com sucesso a partir de uma célula adulta – ovelha Dolly – a 5 de Julho de 1996. Até parece que é banal tudo o que não tenha a label Analogue Productions, Blue Note, CBS, Impulse, Mobile Fidelity ou Verve!

           Sendo pragmático e racional, eis algumas considerações: de que adianta adquirir edições XPTO que possivelmente nunca irão rodar no gira-bolachas (vulgo gira-discos), por não se enquadrarem no gosto pessoal? Assim, de que adianta a aquisição de tais edições para numa conversa, dar a entender que tem a fantástica edição? De que adianta prescindir de exemplares que não são más clonagens, sendo a resposta para poupar-se alguns “euricos” em comparação ao valor sobrecarregado das edições maravilha?

Quanto às edições consagradas, entendo que sejam apetecíveis. Mas se soubermos ouvir sem preconceitos outras prensagens, verificamos a existência de edições que alargam o lote de opções, respondendo à procura crescente de títulos em vinilo. Desde 2012, os exemplares da DOL, sem ser réplicas idênticas, vão surpreender o ouvinte pela qualidade em função de fruir de audições que provocam sorriso no semblante. Ouça e aprecie as clonagens de Charles Mingus - «Mingus ah um» (DOL717), Dave Brubeck Quartet - «Time out» (DOL705), «Relaxin´ with» The Miles Davis Quintet (DOL720), Muddy Waters - «At Newport» (DOL009), Chet Baker - «In New York» (DOL749) e «Chet» (DOL758).


Blá-blá-blá com a antiga grafia: Ghost4u